29 de ago. de 2013

Programa Integrado de Doutorado em Bioenergia é tema de debate

O Workshop Bioenergia, realizado na Unicamp no dia 26 de agosto, mostrou a mudança radical pela qual tem passado o setor nas últimas décadas. Hoje há desafios científicos e tecnológicos significativos no campo dos biocombustíveis, química verde, combustíveis para aviação, manejo agrícola e otimização de processos, entre outros.
O workshop teve como objetivo principal discutir o Programa Integrado de Doutorado em Bioenergia e as novas propostas de pesquisa da instituição na área. O programa será desenvolvido pela Unicamp, a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp).
O curso é um desdobramento de outra iniciativa conjunta das três universidades, o Centro Paulista de Pesquisa em Bioenergia, e já foi aprovado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com nota inicial quarto. O doutorado contará com cinco linhas de pesquisas, as mesmas do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN): biomassa, tecnologia, motores, biorrefinaria e sustentabilidade.
Segundo Luís Augusto Barbosa Cortez, vice-reitor executivo de Relações Internacionais da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), os custos de infraestrutura do programa serão financiados pelo governo do Estado de São Paulo. Na Unicamp, o prédio do Centro de Tecnologia está em reforma para abrigar as instalações do curso. “A expectativa é finalizar as obras em cerca de um ano”, disse Cortez.
A contratação de profissionais para o programa de doutorado ficará a cargo das universidades. A Unicamp já contratou quatro dos 15 docentes previstos. Estes apresentaram suas propostas de pesquisa no Workshop de Bioenergia, focadas em temas como fermentação de açúcares e sensores para a agricultura de precisão. O financiamento desses estudos contará com o apoio da FAPESP.
Marcos Sawaya Jank, sócio-diretor da Plataforma Agro e ex-presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) trouxe dados que mostram que o Brasil tem diminuído a participação de fontes renováveis na sua matriz energética nos últimos anos.
Outro tema que merece destaque é a bioeletricidade. Jank disse que hoje são gerados 1.000 megawatts (MW) médios a partir da biomassa, mas o potencial brasileiro é de 14.000 MW, três vezes a produção da usina Belo Monte. "O salto possível é imenso, mas não ocorre por questões regulatórias", afirmou.
Essa fonte de eletricidade ainda possui a vantagem de ser gerada em maior quantidade no Centro-sul do país, próximo das maiores regiões consumidoras. Além disso, a safra de cana ocorre durante o período de seca, quando o nível dos reservatórios diminui e as hidrelétricas têm maior dificuldade para abastecer o consumo.
Etanol de segunda geração
Os pesquisadores também relacionaram outros temas que são desafios para a pesquisa, como biocombustíveis para aviação e química verde. No primeiro caso, Cortez comentou que hoje são consumidos por ano 260 bilhões de litros de querosene no mundo.
“Se o Brasil ganhasse uma parcela desse mercado seria um excelente negócio, pois se trata de um setor que pode ser consolidado sem grandes barreiras, as empresas possuem grande interesse”, destacou.
Já sobre química verde, foram abordadas as diversas iniciativas e oportunidades de produção de compostos de alto valor agregado a partir da biomassa, assim como a integração desses processos à atual cadeia sucroenergética.
No que diz respeito aos desafios científicos e tecnológicos, os palestrantes do workshop concordaram sobre a grande oportunidade que representa a conversão da biomassa em etanol, conhecida como o etanol de segunda geração.
Rubens Maciel Filho, professor da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp e membro da coordenação do BIOEN-FAPESP, ressaltou a importância de estudos sobre motores e os avanços científicos e tecnológicos possíveis na área agrícola, como novas variedades, melhor manejo e mecanização. Ele destacou que o rendimento teórico de toneladas de cana por hectare estimado é de 381 toneladas. A produção média atual fica na casa de 75, cinco vezes abaixo. 
 Mais informações/fonte: Fapesp

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