Energia
elétrica, combustível, açúcares,
aguardente, garapa e rapadura são derivados da cana-de-açúcar conhecidos por todos. Porém, um grupo de
pesquisadores da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"
(USP/ESALQ), trabalha em nova alternativa em relação a gramínea da família das
Poaceae, referente ao seu conteúdo de compostos potencialmente bioativos,
especialmente polifenóis, os quais são amplamente distribuídos na natureza e
associados às diversas propriedades biológicas. No projeto de pesquisa
"Potencial de uso das folhas da cana-de-açúcar como fonte renovável e compostos químicos de
interesse das indústrias de alimentos e fármaco-cosméticos" é relatado que
a recente área plantada de cana-de-açúcar no
Brasil é de 595,9 milhões ton, com estimativa de que são gerados 140 kg de
palha/ton de cana,
indicando um grande potencial de uso dessa matéria-prima, que é uma valiosa
fonte de polifenóis com potencial de aplicação nas referidas
indústrias. Cláudio de Lima Aguiar, docente do Departamento de
Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN) e coordenador do projeto, revela que
o objetivo é obter um processo otimizado de extração dos compostos ativos
da cana-de-açúcar e
avaliações preliminares das atividades biológicas. Nos laboratórios do Grupo de
Pesquisa Hugot-Bioenergia/ESALQ/USP, credenciado junto ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a equipe de trabalho avalia a
capacidade antioxidante in vitro de extratos orgânicos do ponteiro da cana-de-açúcar em seus diferentes
estágios de desenvolvimento e sob diferentes condições operacionais. O grupo
utiliza técnicas analíticas e estatísticas para otimizar o processo de extração
de polifenóis com maior atividade antioxidante in vitro. O trabalho está
sendo realizado em dois momentos - avaliação de atividade biológica de
compostos ativos de origem vegetal, associado ao fato da grande quantidade de
resíduos agrícolas provenientes da produção sucroenergética, seguida de uma
tentativa de aproveitamento desses resíduos como fonte de biomoléculas para as
indústrias alimentícia ou farmacêutica. "Até o momento, o projeto já
apresenta bem definido o processo de extração. Temos análises de composição
química de alguns materiais e análises da atividade antioxidante, em
colaboração com os professores Antonio Sampaio Baptista e Severino Matias de
Alencar, ambos do LAN e, brevemente, teremos análises antimicrobianas, que
estão sendo realizadas em colaboração com Centro Pluridisciplinar de Pesquisas
Químicas, Biológicas e Agrícola (CPQBA) e antivirais, realizadas em cooperação
com a UniRio/UFRJ", sinaliza o coordenador. Aguiar adianta, ainda,
que pretende estender o estudo desses resíduos como fonte de biomoléculas para
demais tecnologias de extração mais limpas, segundo a Green Chemistry. O
coordenador afirma que para tal desenvolvimento é necessário investimento no
projeto. "Tem sido difícil galgar financiamento robusto para alavancar
nosso trabalho, seja da iniciativa pública ou privada", lamenta o
docente. Vale destacar que o projeto abrange todas as instâncias de ensino
na ESALQ, pois, além de ter seus resultados discutidos em salas de aula de
graduação, também é discutido em nível de pesquisa, tanto do ponto de vista
experimental, quanto de pós-graduação, com envolvimento de pós-docs,
doutorandos, mestrandos e iniciação científica. Recentemente, os
resultados deste projeto foram enviados para publicação em duas revistas, sendo
uma nacional e outra internacional. Integram o estudo no Grupo de Pesquisa
Hugot-Bioenergia, Luciana M. Liboni-Passos, pós-doutoranda, Juliana Aparecida
de Souza, mestranda do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Ciência e Tecnologia
de Alimentos da ESALQ; Roberta Bergamin Lima, mestranda do PPG em Tecnologia de
Radiações do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/USP); e
Talita Nicola Zocca, graduanda em Engenharia Agronômica da ESALQ, bolsista do
Programa de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq). Fonte: UDOP
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