31 de jul. de 2013

A revolução energética do shale gas: Solução ou problema?!

Shale gas (em Inglês) ou gás de folhelho ou também chamado de forma incorreta como gás de xisto. Afinal, o que é este gás que vem revolucionando o mercado energético nos EUA e que pode se tornar uma das maiores fontes de energia não renováveis no mundo.

shale gas se refere a um gás natural, que está preso dentro de formações de folhelhos. Folhelhos são rochas sedimentares de granulação fina que podem ser ricas em gás natural e fontes de petróleo. Diferente do gás convencional, que migra das rochas onde foi formado para rochas reservatórios, este gás não convencional fica aprisionado nessas rochas de baixa permeabilidade.

 Fonte das figuras: http://www.eia.gov/

Esta característica inviabilizou por muito tempo a sua extração. Com os avanços tecnológicos alcançados pela industria energética americana através da técnica de perfuração horizontal dos poços e o advento do fraturamento hidráulico, este problema foi superado tornando sua exploração viável. Os estudos para o desenvolvimento destas tecnologias iniciaram na década de 70, com recursos públicos através do departamento de energia.



A fatia do shale gas na produção total de gás natural dos EUA pulou de 4% a 5% em meados da década passada para 34% em 2012. Em 2040, segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês) deve atingir 50%. Projeções feitas pela própria EIA indicam que a produção local de gás deve superar o consumo doméstico por volta de 2020, tornando os EUA um exportador.

Com esta chamada "Revolução do folhelho", os EUA esta passando por um processo de reindustrialização, devido ao baixo custo da energia. Dos US$13 por milhão de BTU registrados em meados de 2008 o custo do gás pulou para a casa de US$ 4 registrados atualmente. Com esta revolução as previsões apontam um crescimento mais forte do PIB americano, maior geração de empregos e mais receitas para os cofres públicos.

Além dos EUA, pioneiros na área, o processo para extração desse tipo de gás já foi iniciado na Austrália, Europa (Polónia e Alemanha), Africa do Sul, Argentina e em alguns países asiáticos. Como exemplo, o último plano quinquenal da China (2011-2015) prevê grandes investimentos para esta atividade, país este que possui a maior reserva deste gás, segundo os dados da EIA.

A EIA classifica o Brasil como a décima maior reserva de shale gas no mundo, analisando apenas o potencial da bacia do Paraná. Como se sabe da existência de outras bacias sedimentares com potencial, há a possibilidade do Brasil se transformar em um grande produtor, mas isso a longo, muito longo prazo.



Com o início da exploração deste gás de baixo custo em grandes potências consumidoras e a ampliação da produção nos EUA, acarretando uma menor dependência de países exportadores terá implicações geopolíticas relevantes. Assim uma pergunta que fica é a respeito do preço do petróleo. Vários especialistas indicam uma tendência de baixa não desprezível no preço do mesmo a longo prazo.
Como citado por Lamucci na revista Valor Econômico (01/07/2013) as cotações do Brent vão oscilar entre US$70 e US$90 no fim da década, valor consideravelmente inferior aos US$90 a US$120 observados desde o ano de 2011.

A redução do preço do petróleo terá impacto direto no Brasil, tanto na inviabilização da exploração do pré-sal como na utilização de biocombustíveis, o qual deverá ter meios de produção mais eficientes.

Riscos ambientais da exploração do shale gas

Nos EUA a exploração do shale gas esta recebendo muitas críticas de ambientalistas e cientistas. As críticas buscam alertar o governo americano que a política nacional de incentivo ao shale gas é muito arriscada, alegando a falta de maior embasamento cientifico na extração do gás, e que a atividade representaria um maior impacto no aquecimento global.
Os principais riscos ambientais na exploração do shale gas até o momento envolvem o aumento da frequência de tremores e a contaminação de lençóis freáticos e aquíferos.

Para saber mais:

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