4 de jun. de 2013

O melhor amigo da cana: sorgo sacarino


O sorgo pode voltar a ser importante para o agronegócio, ao agregar mais valor à produção brasileira de etanol. Como substituto da cana na entressafra dessa cultura, os ganhos das usinas com o sorgo podem gerar uma receita até 7% maior por ano. "As usinas buscavam uma forma de não parar durante a entressafra, como meio de reduzir custos operacionais",  diz Antonio Kaupert, gerente de vendas da Ceres Sementes, empresa americana especializada no estudo e no desenvolvimento de culturas energéticas. "O sorgo possui tecnologia mais avançada em relação a outras culturas, além de ser uma opção para a renovação da área de cana." 

As pesquisas em busca do sorgo sacarino, adaptado à produção de etanol, acontecem em um dos momentos mais complicados da história do setor, com custos de produção em alta, produtividade e rentabilidade em baixa e falta de competitividade no mercado. Para piorar, as quase 400 usinas existentes no País ficam paradas por até quatro meses durante a entressafra da cana. A solução definitiva para todos esses problemas ainda está longe de aparecer, mas o sorgo já seria uma saída para minimizar o prejuízo causado pelas usinas paradas. "O sorgo pode entrar nas áreas de renovação da cana, substituindo a soja e o amendoim, culturas até agora usadas na região Centro-Sul", diz Sérgio Prado, diretor da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica). "A vantagem do sorgo é que as usinas não atuarão em áreas diferentes de seu negócio e ainda podem retomar a operação da usina na entressafra."

Felipe Pimentel, da consultoria Agrosecurity, de Vinhedo (SP),  explica que o sorgo não é alternativa para substituir a cana nas lavouras. Segundo seu levantamento, a produtividade da cana é de 85 toneladas por hectare, contra 50 toneladas de sorgo colhido na mesma área. A taxa de extração do ATR (quantidade de açúcar do insumo) é de 142 quilos por tonelada na cana, contra 90 quilos no sorgo. Já a quantidade de etanol hidratado, a ser produzido com uma tonelada de cana, chega a 87 litros, ante os 55 litros obtidos a partir do sorgo. "O sorgo vem agregar valor e não substituir a cana".

O sorgo sacarino só não é produzido em escala comercial ainda por causa da chamada curva de aprendizado do mercado. De acordo com Vagner Kogikoski, gerente de marketing da Canavialis, empresa de tecnologia na área sucroenergética do grupo Monsanto, os usineiros precisam se adequar à nova cultura, e isso leva tempo. "Mas acredito que em dois anos todos os que já testaram o sorgo irão produzi-lo em escala industrial." A Canavialis, que desde 2004 pesquisa o cereal, faz testes em cinco áreas de 20 hectares cada, em São Paulo e Goiás.

Reportagem completa/Fonte: NovaCana

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