30 de abr. de 2013

O círculo virtuoso do desenvolvimento intelectual


“O progresso de uma nação não é medido apenas pelo desenvolvimento econômico, mas também pelo desenvolvimento intelectual da sociedade. Quanto mais uma sociedade sabe sobre o mundo e os seres humanos, melhores serão os seus planos para o futuro.”  As palavras são de Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, destacadas em entrevista concedida ao Globo Universidade, programa da Rede Globo que aborda o ensino, a pesquisa e os projetos científicos no meio acadêmico. No programa, Brito Cruz falou sobre os entraves do desenvolvimento científico no Brasil e o papel das universidades e empresas na corrida pela inovação. “A função das empresas na sociedade é prosperar, gerar riqueza e empregos e, por meio destes, transferir renda. Dessa forma, contribuem para o desenvolvimento de um país", disse. Em relação à ciência e à tecnologia, na opinião de Brito Cruz, as empresas precisam ter atividades internas de pesquisa para poder descobrir novas formas de melhorar produtos, processos e serviços. "O principal papel da universidade, por outro lado, é educar os jovens estudantes, que farão funcionar de forma inovadora as empresas, o governo e a sociedade. E para proporcionar uma educação de boa qualidade, as universidades precisam ter intensas atividades de pesquisa científica”, disse. Sobre o quanto as pesquisas nas universidades e empresas contribuem para o desenvolvimento do país, ele destacou ser este um assunto continuamente debatido no Brasil e em muitos outros países, como Estados Unidos, Inglaterra e França. "No caso do Brasil, o país aplica poucos recursos em Pesquisa e Desenvolvimento, apenas 1,16% do PIB em 2010. Mas cada região é muito diferente da outra, por isso é tão difícil falar da ‘situação brasileira’. Segundo Brito Cruz, excetuando São Paulo, em todos os outros Estados do Brasil as empresas fazem muito menos pesquisa do que deveriam e desejariam, por isso não conseguem ganhar competitividade. "Esse dado aparece em um número que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação frequentemente divulga e que indica os gastos com pesquisa no Brasil. Apenas 35% são feitos por empresas. Já em países mais desenvolvidos, como Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Inglaterra, por exemplo, as empresas são responsáveis por mais de 50% dos investimentos em pesquisa feitos no país", disse. No Estado de São Paulo, a situação é diferente. "O dispêndio total em Pesquisa e Desenvolvimento é 1,6% do PIB regional e 60% do gasto em pesquisas é feito por empresas”, acrescentou.  Segundo Brito Cruz, as empresas paulistas têm tradição de investir em pesquisa. Em relação às universidades, também há importantes diferenças entre os investimentos realizados por São Paulo em comparação aos feitos pelos outros estados brasileiros. “Se medirmos resultados de pesquisa como, por exemplo, artigos publicados em revistas científicas mundiais, São Paulo é responsável pela metade da produção brasileira. Porém, o estado paulista possui apenas 20% dos cientistas brasileiros. Mesmo tendo menos cientistas, o estado faz metade da ciência do país", disse. O diretor científico também ressaltou o papel decisivo da FAPESP no desenvolvimento científico do Estado de São Paulo e do Brasil. Segundo ele, 47% do apoio por agências de financiamento à pesquisa acadêmica é feito pela FAPESP. Ex-bolsistas da Fundação atuam em pesquisa em todos os Estados brasileiros e programas de apoio à pesquisa criados pela Fundação têm servido de modelo para iniciativas federais. "A FAPESP tem tido também um papel decisivo na internacionalização da ciência feita no Brasil, criando inúmeras oportunidades para projetos de pesquisa conjuntos entre pesquisadores de São Paulo e de outros países”, disse.

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