19 de mar. de 2012

Distribuidoras de energia têm excesso de 960 MW médios para 2015

As distribuidoras de energia elétrica têm 960 megawatts (MW) médios de sobrecontratação para o ano de 2015, diante da redução da expectativa de crescimento do consumo com a desaceleração da economia, e a migração de consumidores para o mercado livre. "O mercado está performando abaixo do previsto. Por isso que o setor de distribuição está preocupado", disse o presidente da Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Fonseca Leite, à Reuters. Para 2014, a sobrecontratação é de 232 MW médios e em 2012 cerca de 27 distribuidoras já apresentam sobrecontratação. Além disso, "uma ou duas", estariam contratadas na faixa dos 120 por cento, quando o natural é que a contração fique em até 103 por cento da necessidade de atendimento à demanda prevista. Essas concessionárias podem repassar o custo da sobrecontratação de energia aos consumidores desde que ela não ultrapasse 103 por cento, de acordo com a regulação. Acima disso, a distribuidora tem que arcar com o custo. "Essa sobra de 3 por cento é como se fosse um seguro que a gente está pagando, e na realidade, o que temos, é que esse volume que está sobrando, em alguns casos, está ultrapassando esses 3 por cento. Estamos passando a ter no Brasil um problema de excesso de contratação das distribuidoras além do limite", disse Fonseca Leite. O consumo de energia no Brasil cresce tradicionalmente cerca de 1,2 pontos a mais que o crescimento do PIB, anualmente, e as distribuidoras se baseiam na projeção de expansão da economia para estimarem quanto precisarão contratar de energia elétrica para atender ao mercado consumidor. Entretanto, a maior parte da contratação de energia deve acontecer com cinco anos de antecedência, no leilão A-5. Assim, uma estimativa de crescimento frustrada da economia -como aconteceu em 2011, por exemplo, quando o PIB cresceu 2,7 por cento- pode também afetar as distribuidoras, que ficam com mais energia contratada do que o necessário para atender a demanda. O governo já adiou na semana passada o leilão A-3 -que contratará energia a ser entregue a partir de 2015- de 22 de março para 28 de junho, para reavaliar a demanda a ser contratada e ainda adiou o leilão A-5 que seria realizado em 26 de abril para 16 de agosto, conforme portaria do Diário Oficial de 16/03. "O que nós temos que fazer, se temos uma sobrecontratação já sinalizada no A-3 de 2011, é repensar o A-3 de 2012, porque ele vai pegar 2015 e em 2015 nós estamos com 960 MW médios de sobrecontratação", disse Fonseca Leite, ao acrescentar que a demanda a ser contratada deve ser menor no leilão A-3 em relação a outros leilões desse tipo, mas não quis dar detalhes de estimativa. Sobre o A-5, Fonseca Leite diz que as distribuidoras de energia também acham que a postergação foi "muito sensata, tendo em vista que devem ser feitos ajustes na contratação". "Uma vez que já estamos sobrecontratados para 2015, temos que trabalhar para não contratar mais que o necessário e deixar que o crescimento de mercado absorva essa energia", disse Fonseca Leite, que também defendeu mecanismos de transferência de energia entre distribuidores, como no Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits (MCSD). Mais informações: UDOP/REUTERS

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